Como é do conhecimento público, PAIGC foi o partido que conduziu a luta de
libertação nacional que veio culminado com a declaração unilateral da independência
em 1973, ato que só viria a ser reconhecido pelo Estado colonizador um ano
depois – cumprimento do programa menor, constituindo uma etapa transcendente da
nossa história, faltando em cumprimento o programa maior que se traduz
fundamentalmente no desenvolvimento do nosso país. Etapa esta que se encontra,
ao nosso ver, muito longe ainda de ser alcançada, atendendo a postura frequente
e erradamente assumida pelos nossos dirigentes.
PAIGC era a única força política dirigente da sociedade guineense até 1991,
ano em que, sabiamente, se procedeu a revisão constitucional que acabou por
ditar a transição política do regime de monopartidarismo (único) para o de
multipartidarismo (vários partidos), adotando assim a democracia como sistema político
guineense. Em consequência disso, realizaram-se as primeiras eleições multipartidárias
em 1994, tendo João Bernardo Vieira Nino sido eleito como primeiro Presidente
da República em regime democrático e o PAIGC como grande vencedor das eleições legislativas.
De 94 a data presente o povo tem, acertadamente, depositado a sua confiança
nos libertadores. Contudo, tem sido martirizado com as sucessivas e crônicas instabilidades
políticas que têm vindo a assolar o país, inviabilizando uma mudança substancial
na melhoria de condições de vida dos cidadãos.
Crises do que falamos têm a sua gênese na luta pelo poder no seio do partido,
sendo que há militantes que não se tranquilizam sem terem ocupado cargos políticos.
De facto, o partido dispõe de muitos quadros, soque uma grande maioria deles
está completamente viciada, sendo por isso necessário levar avante uma reforma profunda
no seio do partido, em como banir definitivamente esta situação.
Num passado muito recente, o partido reassumiu as rédeas de governação,
tendo consequentemente alcançado uma vitória transcendente na história do país,
através da conquista duma promessa financeira resultante da realização de Mesa
Redonda de Bruxelas. Montante que, sem margem para qualquer dúvida, podia
impulsionar radicalmente o crescimento econômico do país.
Infelizmente, mais uma vez, a prevalência dos interesses meramente pessoais
sobre os superiores interesses na Nação e a falta de patriotismo, bem como de
fidelidade ao partido falaram ao mais alto nível por parte de alguns militantes
cujos comportamentos se traduzem na calúnia, inveja, traição política, vício de
dinheiro, desencadeando, por cima de tudo, uma luta desenfreada contra o seu próprio
partido até ao ponto de o arredar do poder.
Nós não podemos ficar indiferentes face a estes comportamentos, sendo que
os problemas do PAIGC não se sentem apenas na esfera partidária (devido a sua
grandeza), mas sim refletem-se fortemente na vida do país, sobretudo no que
tange à garantia da estabilidade política.
Tendo em conta as considerações feitas, importa sublinhar que é absolutamente
necessário reformar o partido, de maneira que possa haver uma certa
estabilidade política, permitindo o andamento normal do processo de
desenvolvimento do país. Para o efeito, é necessário ter um líder corajoso (como
Domingos Simões Pereira), que nunca terá medo dos seus espíritos de conspiração
e de destituição, bem como de aviltar grandes feitos neste país.
Em face da exposição feita, afigura-se fundamental recuar no tempo,
revisitando e trazendo aqui um dos ensinamentos do nosso saudoso líder, Amílcar
Cabral cujo conteúdo se transcreve a seguir: “Nem todos são do Partido”. Estas
palavras servem para significar que os militantes cujos comportamentos
descrevemos atrás, embora tenham preenchido o requisito formal para serem do
Partido, carecem ainda daquilo que nós consideramos de o mais fundamental que é
o requisito substancial. Porque, na verdade, apresentam certas particularidades
que nos permitam efetivamente aproximá-los desta realidade. Assim, olhando
atentamente para os seus atos, chega-se facilmente à conclusão que não são do
partido, mas apenas precisam dele para concretizar as suas ambições pessoais.
Dizem que são, mas nós dizemos que não são do partido, pois uma pessoa é
julgada pelos seus atos e não pelas suas palavras!
Para finalizar esta nossa intervenção, queremos deixar bem patente que o
PAIGC pode não ser um bom partido, mas também de entre todos os partidos políticos
que ainda temos na Guiné até a data presente, o PAIGC é melhor que todos. Se calhar
é por isso que o povo tem sido inteligente em depositar a sua confiança nele. Anós ika di PAIGC, ma noka pudi tam tapa céu ku mon!
Ora, o ponto que se põe consiste exatamente em saber: Como e Quando
reformar o partido?
DOMINGOS SIMÕES PEREIRA, REFORMANU PARTIDO TEMPACENSA! PERDOE OS TRAIDORES, MAS NUNCA SE ESQUEÇA DOS SEUS ATOS.
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