segunda-feira, 8 de agosto de 2016

NA REPÚBLICA DE DJITU KA TEM

Neste país de que vamos a seguir falar – REPÚBLICA DE DJITU KA TEM – a vida tem duas faces: uma, de rir até às profundezas de gargalhada e, deste modo, atingindo o efeito perigoso de estar excessivamente alegre, que é ficar profundamente constrangido pela tristeza; e outra, de ver sem acreditar no que vês, ainda que te esteja a olho nu, ficando então pasmado. Sim, pasmadíssimo!

Aqui tudo é normal: assassina-se um Presidente da República e um Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas e todos dizem que não tem mínima importância. Como se tudo isto não bastasse, logo a seguir, assassinam-se dois deputados da nação e de novo: “djitu ka tem… kuma di fasi” – que sensibilidade cruel!

Neste recanto de que falamos, golpes de estado são encarrados como jogo de cabra-cega das crianças na noite de lua cheia. E atenção que já lá vão quatro em apenas quatro décadas da sua existência como Estado Soberano!!! Um excelente país com uma extraordinária sociedade onde a saúde, a educação dos cidadãos não são prioridades para nenhum governante, mas nos seus discursos de kunfundi pubis estão sempre no primeiro plano. Aliás, neste lugarejo, ser professor, em vez de nobreza com que se conhece por gente com “cabeça” para pensar, é profissão de estar na bicha, esperando por uma melhor oportunidade para ganhar a vida. Quem sabe, um dia ser Ministro ou Secretário de Estado, ou então titular de um qualquer cargo público furado e tornar-se então num dos mais destacados empresários miseravelmente admirados? – e ninguém se revolta, nem o coitadinho Zé povinho que paga por tudo isto. Muito pelo contrário, remata-se o extravagante elogio aos nossos bandi-saltes da capital: “Anta i tulu nam? El ku na kumpu Bissau?”. E alguém já chegou de perguntar por isso, permitam-nos a citação: “Kal dia ku fidju di tera buru / brutu sin?” – e nós respondemos assim: otcha i para pensa ku si kabesa suma pekadur!

É neste país que os jornalistas – se é que existem muitos que mereçam este nome – estão em serviço de desinformação, prejudicando o seu jubilar trabalho de despertar a população para o seu viver de dia-a-dia! Pois todos somos negociantes até das nossas dignidades: professores, jornalistas, médicos enfermeiros, tudo o que é servidor de Estado. Ora, ora, ora! incluindo o nosso patrão: O POLÍTICO DE REVERENCIAR! – Isto é mesmo para rir até às lágrimas, não será? E nós sempre dizemos: “Djitu ka tem!”

Há jeito de mudar tudo isto, guineenses! Há, sim! Até porque não é preciso estudar Ciências Políticas em Harvard ou Cambridge para não ser cúmplice de ter um Presidente da República que antes de ser eleito para o seu altíssimo cargo confessa desconhecer a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA de que é guardião. A este, até o mais rude cidadão diria em viva voz: “O MEU VOTO, NUNCA, JAMAIS!”, mas, pelo contrário, a resposta é: “Sabe, senhor, ele é candidato do partido a que jurei fidelidade eterna!” – Qual fidelidade? A tal e crónica infidelidade à pátria de dizer que a política é para defender os interesses dos particulares e não da nação???

ABRA OS OLHOS, CAMARADA! JÁ É TEMPO!

UM FORTE ABRAÇO DE GUINENDADE!

De: Lope ku Fundinhu

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