A situação política vigente provoca em qualquer guineense um estado de enorme preocupação e frustração, atendendo as proporções alarmantes que a actual crise política tem vindo a registar nos últimos tempos.
Não constitui estranheza alguma afirmar que tanto a comunidade internacional, sociedade civil e a classe política, bem como o próprio povo já estão cansados do nosso Presidente da República, José Mário Vaz, devido a sua incapacidade política em resgatar o país da crise cíclica em que ele próprio o colocou, deixando-se substituir pelo mediador do CEDEAO, Prof. Alpha Conde, nas negações tendentes a encontrar uma solução a saída da crise.
Apesar do progresso alcançado nas negociações (refere-se o primeiro encontro mantido entre o PAIGC e o Grupo dos 15, o debate sério e franco entre os principais actores políticos sobre os passos que o país deverá trilhar nos próximos tempos, culminando com a assinatura do acordo político por todas as partes envolvidas no processo), o Presidente da República, José Mário Vaz, apareceu com o seu espírito de travar os avanços deste país e de aviltar todos os esforços que se têm vindo a conjugar no sentido de ultrapassar o bloqueio institucional.
Importa sublinhar, tendo em conta as considerações feitas e outras ainda por fazer, que o Presidente da República pode recusar o nome de um candidato ao cargo do primeiro-ministro, pois não está adstrito a nomear quem quer que seja, conquanto a recusa tenha de se fundar em razões de interesse público, baseando nos critérios objectivos, e não invocar motivos de carácter pessoal, como se tem vindo a verificar ao longo do seu mandato. O mais grave é que ele foi permitido apresentar os nomes, e apresentou três nomes ao mediador da CEDEAO, Prof. Alpha Conde, sustentando que são pessoas com que, sendo da sua confiança, poderá coabitar. E, hoje, está a desacreditar um dessas figuras que ele próprio apresentou, pelo facto de a escolha do PAIGC, partido vencedor das últimas eleições legislativas com maioria absoluta, recair sobre a mesma pessoa.
Falando ainda do acordo, este foi claro quanto a partilha de pastas governamentais, dizendo que as mesmas se devem partilhar entre os partidos políticos com assento parlamentar, de harmonia com o princípio de proporcionalidade. O que equivale a dizer que deverão ocupar as pastas em função da representação parlamentar, excluindo assim o Grupo dos 15. Facto que vem evidenciando que o grupo, de ponto de vista formal, já foi abolido e não deverá merecer qualquer outra atenção nas próximas negociações, estabelecendo apenas o regresso dos elementos que o compõem ao partido.
A grande verdade é que, devido às suas incapacidades política e de olhar para além da ponta do nariz, não foi possível constatar tudo isto antes da assinatura do acordo, só agora se percebe do seu desfavorecimento em relação ao Grupo dos 15 e, como consequência, com o Presidente da República no comando, provocou-se um compasso de espera, aproveitando processar as suas manobras dilatórias, em como afastar o conteúdo essencial do acordo, sobretudo no que tange à escolha da figura que deverá chefiar o próximo executivo. E, portanto, o CORDO assinado em Conacri, a 14 do mês em curso, transformou-se, aos olhos do Presidente da República, José Mário Vaz, num autêntico DESACORDO.
Só resta uma palavra: hoje, mais do que nunca, está provado que nós temos um Presidente da República que, feliz ou infelizmente, falhou todos os compromissos, todas as metas e as previsões.
Com isenção e responsabilidade.
De: Lope ku Fundinhu
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