sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

ADEUS 2016 E BOA SORTE 2017 - UM SUMÁRIO DO ANO QUE ACABA



Irmãos guineenses,

O ano a chegar o seu fim – 2016 – é um ano que, no ser civil, é igual a qualquer outro, mas quando encarado numa perspectiva analista crítica, considerando-o como um tempo coordenado por vários acontecimentos resultantes particularmente de acções humanas, isto é, práticas do homem como um ser essencialmente de acção, surge-nos uma imperativa obrigação de analisar esses mesmos actos que praticamos durante uns doze meses. Neste sentido e sendo que o nosso blog está apenas em cumprimento do seu quarto mês de existência, mas de cujo trabalho podes qualificar, caro leitor, queremos aqui deixar o nosso testemunho em relação a alguns acontecimentos que marcaram a vida da nossa querida Guiné-Bissau – alguns apenas para as nossas reflexões sobre os nossos actos.

Sejamos pragmáticos, começando por aspectos positivos: este é um ano em que só o desporto e cultura têm uma forte – repita-se – forte palavra a dizer, pois mais uma vez Augusto Midana tornou-se campeão africano de Luta Livre, fazendo erguer a nossa bandeira no mais alto nível do desporto do continente berço e, desta forma, mas juntamente com a judoca Taciana Baldé, apuraram-se para os jogos olímpicos que se realizaram na China, em Pequim. Mas não sejamos de memórias curtas, porque os DJURTUS, os nossos valentes combatentes de futebol, atingiram o nível dos combatentes da liberdade da pátria, quando conseguiram um inédito apuramento para o CAN Gabão 2017 – é bom que se diga – “à custa dos seus próprios sacrifícios” (como recomenda Amílcar Cabral), fazendo renascer, sobretudo em jovens da nossa terra, o orgulho de ser filho da nossa pátria querida.

No plano cultural, nunca com menor importância, são de destacar três grandes trabalhos discográficos de dois promissores e um afirmado jovens músicos guineenses: Eric Daro, com Vou Conseguir, uma mescla de zouk, afro-bit, quizomba e algum cheiro doce de n´gumbé; e rappers Rihman, com o seu mais um disco, desta vez com um título patriótico de UNILPRO, isto é, Unidade-Luta-Progresso; e Imperador, que neste final mesmo do ano, brindou com o seu primeiro disco no mercado e, como é seu estilo, com músicas pedagogicamente pensadas, interventivas e aconselhadoras ao mesmo tempo. E, no domínio de escrita literária, são de assinalar a publicação de mais uma antologia de poesia da Guiné-Bissau, neste caso uma nova aparição de Traços no Tempo, reunindo composições de mais de quatro dezenas de jovens escritores do nosso país; e, claro está, Memórias Semânticas, em mais uma publicação do nosso grande Abdulai Sila, autor de A Última Tragédia, Orações de Mansata, entre outros, e primeiro romancista da Literatura do nosso chão.

Caros guineenses,

Quando viramos para o plano político, só vemos desastres, fantochadas, infantilidades, sobretudo do nosso Presidente da República José Mário Bas, mas nunca ficando de fora os nossos habituais quebra-cabeças – P.A.I.G.C e PRS – o primeiro pelos seus constantes menher-menheris que acabam por ter todo o país em situação igual; e o segundo por se continuar a não se saber o que realmente faz na política.

É neste ano que o nosso iniciado Presidente fez as nomeações, contra os sagrados princípios constitucionais, dos seus mercenários ao cargo de Primeiro-ministro: primeiro, Baciro Djá, e agora Umaro Sussakau Embaló. É ainda neste ano que, entre montes da sua natural contradição consigo mesmo, pediu uma mediação da CEDEAO à crise que só ele sabe explicar como provocou, mas agora diz que não está de acordo com a mesma mediação. Em toda esta brincadeira, o povo, maior prejudicado por tudo isto, até teve alguma cabeça desta vez para pensar numa forma de dizer BASTA aos nossos políticos amadores, na maioria. Eis que o Movimento de Cidadão Conscientes e Inconformados fez duas manifestações populares que para sempre marcarão a democracia do nosso país. Esses jovens tiveram coragem de se mobilizarem a si mesmos e de mobilizar uma significante massa popular a sair na rua para gritar ao JOMAU: “POVU I KA LIXO!”. E assim terminamos a nossa resenha em síntese de 2016, desejando que 2017 seja semelhante só em proezas da cultura e desporto e jamais com as mufunesas da política, particularmente de JOMAU, Presidente da República. QUE O POVO TOME CONTA DE SI. QUE SE AUTO-CONSCIENTIZE E DÊ OUTRO RUMO À SUA VIDA.

De: Lope ku Fundinhu

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