Irmãos guineenses,
O ano a chegar o seu
fim – 2016 – é um ano que, no ser civil, é igual a qualquer outro, mas quando encarado
numa perspectiva analista crítica, considerando-o como um tempo coordenado por
vários acontecimentos resultantes particularmente de acções humanas, isto é,
práticas do homem como um ser essencialmente de acção, surge-nos uma imperativa
obrigação de analisar esses mesmos actos que praticamos durante uns doze meses.
Neste sentido e sendo que o nosso blog
está apenas em cumprimento do seu quarto mês de existência, mas de cujo
trabalho podes qualificar, caro leitor, queremos aqui deixar o nosso testemunho
em relação a alguns acontecimentos que marcaram a vida da nossa querida
Guiné-Bissau – alguns apenas para as nossas reflexões sobre os nossos actos.
Sejamos pragmáticos,
começando por aspectos positivos: este é um ano em que só o desporto e cultura
têm uma forte – repita-se – forte palavra a dizer, pois mais uma vez Augusto
Midana tornou-se campeão africano de Luta Livre, fazendo erguer a nossa
bandeira no mais alto nível do desporto do continente berço e, desta forma, mas
juntamente com a judoca Taciana Baldé, apuraram-se para os jogos olímpicos que
se realizaram na China, em Pequim. Mas não sejamos de memórias curtas, porque
os DJURTUS, os nossos valentes
combatentes de futebol, atingiram o nível dos combatentes da liberdade da
pátria, quando conseguiram um inédito apuramento para o CAN Gabão 2017 – é bom
que se diga – “à custa dos seus próprios sacrifícios” (como recomenda Amílcar
Cabral), fazendo renascer, sobretudo em jovens da nossa terra, o orgulho de ser
filho da nossa pátria querida.
No plano cultural,
nunca com menor importância, são de destacar três grandes trabalhos
discográficos de dois promissores e um afirmado jovens músicos guineenses: Eric
Daro, com Vou Conseguir, uma mescla
de zouk, afro-bit, quizomba e algum cheiro doce de n´gumbé; e rappers Rihman, com o seu mais um disco,
desta vez com um título patriótico de UNILPRO, isto é, Unidade-Luta-Progresso; e
Imperador, que neste final mesmo do ano, brindou com o seu primeiro disco no
mercado e, como é seu estilo, com músicas pedagogicamente pensadas,
interventivas e aconselhadoras ao mesmo tempo. E, no domínio de escrita
literária, são de assinalar a publicação de mais uma antologia de poesia da
Guiné-Bissau, neste caso uma nova aparição de Traços no Tempo, reunindo composições de mais de quatro dezenas de
jovens escritores do nosso país; e, claro está, Memórias Semânticas, em mais uma publicação do nosso grande Abdulai
Sila, autor de A Última Tragédia, Orações de Mansata, entre outros, e
primeiro romancista da Literatura do nosso chão.
Caros guineenses,
Quando viramos para o
plano político, só vemos desastres, fantochadas, infantilidades, sobretudo do
nosso Presidente da República José Mário Bas, mas nunca ficando de fora os
nossos habituais quebra-cabeças – P.A.I.G.C e PRS – o primeiro pelos seus
constantes menher-menheris que acabam
por ter todo o país em situação igual; e o segundo por se continuar a não se saber
o que realmente faz na política.
É neste ano que o nosso
iniciado Presidente fez as nomeações, contra os sagrados princípios constitucionais,
dos seus mercenários ao cargo de Primeiro-ministro: primeiro, Baciro Djá, e
agora Umaro Sussakau Embaló. É ainda neste ano que, entre montes da sua natural
contradição consigo mesmo, pediu uma mediação da CEDEAO à crise que só ele sabe
explicar como provocou, mas agora diz que não está de acordo com a mesma
mediação. Em toda esta brincadeira, o povo, maior prejudicado por tudo isto,
até teve alguma cabeça desta vez para pensar numa forma de dizer BASTA aos nossos políticos amadores, na
maioria. Eis que o Movimento de Cidadão Conscientes e Inconformados fez duas
manifestações populares que para sempre marcarão a democracia do nosso país.
Esses jovens tiveram coragem de se mobilizarem a si mesmos e de mobilizar uma
significante massa popular a sair na rua para gritar ao JOMAU: “POVU I KA
LIXO!”. E assim terminamos a nossa resenha em síntese de 2016, desejando que
2017 seja semelhante só em proezas da cultura e desporto e jamais com as mufunesas da política, particularmente
de JOMAU, Presidente da República. QUE O POVO TOME CONTA DE SI. QUE SE
AUTO-CONSCIENTIZE E DÊ OUTRO RUMO À SUA VIDA.
De: Lope ku Fundinhu
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