quarta-feira, 14 de setembro de 2016

AMÍLCAR CABRAL – TROVOADA SETEMBRO

12-09-1924 a 12-09-2016

Em toda a sua existência, o nosso país teve filhos – sempre teve, tem e muitos ainda hão-de vir. Mas se lhe fôssemos perguntar desses filhos todos que já teve, tem e há-de ter ainda, decerto que ele (o país) terá poucos em quem depositar esperança para o seu necessitado “(re)erguer” para a estabilidade e progresso – a não ser que se penetre nos seus nostálgicos sonhos de recordar aqueles que talvez até hoje foram os seus únicos filhos dignos de honrar, pois esses o devolveram o seu solo – a sua terra – e deram-no um hino e uma bandeira. Resumidamente, conseguiram-lhe, “à custa dos seus esforços e sacrifícios”, a LIBERDADE. Caro leitor, você sabe de quem nos referimos: os nossos touros, os nossos combatentes para a liberdade dos nossos países (Guiné e Cabo-Verde), sob um exímio comando de um génio a que os pais chamaram de AMÍLCAR LOPES CABRAL e que as circunstâncias chamaram de ABEL DJASSI, MOHAMED OULD MOHAMED, ou ainda LARBAC.

Mas nomes e adjectivações à parte, digamos de passagem que o nosso chefe de guerra contra o bárbaro colonialista nasceu em Bafatá, a 12 de Setembro de 1924, e é de pais cabo-verdianos, ou seja, de raízes de lá, mas de terra daqui; portanto: pertencente, com devida justiça, a todos os nossos dois países e à mesma medida.

Ouve-se muito falar deste grande e inesquecível nome, mas será que o conhecemos tão bem assim como o tratamos? – a resposta é para cada um de nós dar a si mesmo. Mas, ao que nos cabe responder, dizemos que não. Talvez não o tenhamos conhecido tão bem quanto dele jumbaímos, pois é surpreendente até hoje termos gente que ainda questiona o motivo da luta armada para a independência conjunta da Guiné e Cabo-Verde que ele comandou. A estes não devemos precipitadamente condenar à pena de “desconsideração total de trato social”, na nossa opinião, mas por eles, e não a eles, fazemos esta pergunta: Já se ouviu falar do Amílcar nas nossas escolas como até hoje temos vindo a ouvir dizer dos SUNDIATA´S, LAT DIOR´S e nomes parecidos da história da humanidade? Não que estes senhores não sejam dignos de ser estudados, mas a lógica humana ensina-nos a conhecermo-nos a nós mesmos antes de nos darmos ao trabalho de conhecer até o nosso inimigo numa guerra. 

O desconhecimento do Cabral leva-nos, muitas vezes, a duvidar perigosamente dos seus dotes intelectuais e humanistas que a sorte a muito pouca gente reserva entre os homens. Ora, se nós ainda nos teimamos (ou não) em duvidarmos da sua excepcional capacidade de pensar e agir, ele era convicto e profundamente atento ao que lhe acontecia à volta, tanto mais que sabia muito bem, e com nenhum equívoco, que lutar com armas na mão não seria a melhor maneira de expulsar o colonialista português do nosso chão. No entanto, assistindo a toda aquela barbárie do explorador de que pelo menos deveremos ouvir falar qualquer coisa e real, qual seria a melhor maneira de nos livrarmos de morte lenta dos nossos compatriotas nas estradas de Mansôa, no porto de Pindjiguiti, etc., etc.? Se não nos aceitavam a negociação para o fim de todo aquele canibalismo, como se escapar então de ver o sangue dos nossos pais e avôs a ser sugado por um semelhante, que só era diferente pela sua animalidade? – uma resposta precipitada pode ser do género: «Não, mas o Cabral não devia lutar para independência da Guiné e Cabo-Verde ao mesmo tempo, sabendo que Portugal não queria nunca abrir as mãos das ilhas»; ou: «Ele devia fazer as guerras em ambos os territórios para demonstrar que de facto queria libertar tanto a Guiné quanto Cabo-Verde e da mesma forma». Como se vê, ambas as respostas seriam medíocres e cheias do desconhecimento da real identidade do LARBAC: um humanista, mais que apenas africanista; e um universalmente anti-imperialista mais que patriota ou nacionalista. Como tal, não pôde conter-se ao seu espírito que não fizesse um escrito tão profundo como este: 

Não, poesia:

Não te escondas nas grutas do meu ser,

não fuja à vida. 


  (…) Sai para a luta (a vida é luta)

os homens lá fora chamam por ti,

e tu, poesia, és também um Homem.

Ama as poesias de todo o Mundo,

- ama os Homens

Solta teus poemas para todas as raças

para todas as coisas,

confunde-te comigo…

(…)

Ele, como somos obrigados a saber, não é um santo, mas também não é um homem vulgar. Não foi um simples relâmpago, mas foi e sempre será TURBADA SETEMBRO, como cantou a nossa super-orquestra MAMA DJOMBO.

Se na verdade para bom entendedor meia palavra basta, como o povo diz, e até porque falar de homem da dimensão do Amílcar implica redacção de uma enciclopédia e não um simples livro, tão pouco umas páginas, comemoremos os 92 anos de vida do nosso imortal comandante e exemplar fidju di tchon, pensando positivo e não se esquecendo que só “guiados palas nossas próprias cabeças e marchando com os nossos próprios pés” é que teremos sossego e progresso.

AS VITÓRIAS DE SETEMBRO AINDA NÃO ACABARAM, CARO LEITOR, HÁ MAIS POR VIR… É SÓ FICAR ATENTO AO SEU BLOG DE BOM GUINENDADI.

De: Lope ku fundinho 


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